Poema do Dia

À CABECEIRA DA MESA

Como mamãe eu me sento
à cabeceira da mesa.
Ela pensava, eu escrevo.
Ela vigiava, eu alerto.
Ela cuidava, eu provoco.
Ela aconselhava, eu irrito.
 
Da cabeceira da mesa
“generaliza-se” militarmente
os movimentos do quintal.
Ela napoleonicamente.
Eu apocalipticamente.
Dois soldados quase iguais.
 
Ela fumava, eu fumo.
Ela não bebia, eu bebo.
Ela cristã, eu meio ateu.
Observadores do quintal.
Metidos a comandar.
Nunca mandamos em nada.
 
Apenas figuras decorativas
à cabeceira da mesa.
Iguais e também desiguais.
A intenção, a mesma.
A forma quase igual.
Fingindo ser general.

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