Poema do Dia

SHANG SE FOI

A mais forte das fortes desabou
ante os anos, esparramando
negritude no colo de todos nós,
como se noite fosse e cobrisse
o mármore branco de ébano.
Tapete fofo, onde ninguém pisa.
Somente se reverencia e abraça.
A noite não foi feita para ser pisada.

Teatro vazio, solidão no nosso lar.
Pede nada, taquinho nenhum, só sossego.

Dizem que a noite não morre
só desaparece e volta sempre depois,
mesmo que somente em lembranças.
Esta saiu por uma porta, que se abriu,
para viver uma nova dimensão.

Levou as estrelas, olhinhos amendoados.
Carregou os músculos negros, a língua negra,
rufar de pulmões imensos, a fofura do pelo, uivo....

As orelhinhas empinadas feito pipas
dobraram-se num horizonte qualquer.
O brilho da sua alegria, dizendo bem vindos,
após cumprir com sua missão de guardiã,
apagou-se num contraste entre vida e morte.

Esta noite que se foi não mais retorna.
Não há mais sol que brilhe depois,
pela ausência de prazer em brilhar,
pelo menos por aqui nesta casa.

Nossa noite é a primeira que se foi
pra nunca mais retornar.
Shang foi a única certeza absoluta
de amor permanente.

Livros


Livros de Poesia


Voltar Topo Enviar a um amigo Imprimir Home