Numa nota de cinqüenta, anos idos,
escreveu o Lé  uma nota de amizade.
Simples, composta em notas com acordes
dissonantes, porque partia um amigo.
 
Selava-se o amor fraternal, límpido,
registro da história de moleques puros,
resolvidos, com a intenção de seguir,
cada qual o próprio destino invisível.
 
E esta música singela, na saudade,
continuaria a  ser tocada aqui e lá.
O amigo Flint continuaria o mesmo.
Lé, sempre, traria consigo recordação.
 
Flint guarda a nota sem mais valor
de compra, somente um símbolo
vivo de amizades, bem mais difíceis
de novamente se construir em Anta.
  
Suas infâncias estão esculturadas
na nota de cinqüenta, anos sessenta.
Redação, aprendida em escola pública,
crianças e adolescentes eternizavam-se.
 
Só o ônibus partiria com um dos amigos.
E, como amigo não se compra jamais,
o Flint não gastou a tal nota, guardando.