Poema do Dia

COPO MEIO VAZIO OU MEIO CHEIO

Estou tão triste e só.
Frio, pedra, desolado...
Pequeno, sem abrigo.
O uísque me gela os lábios.
A esperança me ensina
o caminho ao desamor.
Nada a esperar de mulheres
ou amigos, tão distantes...
Sou jogado ao destino
amargo, que nunca quis.
Seguir sem do lugar sair.
Ver-me sem exemplo ser.
Sofrer todas as angústias
da solidão, tão pérfida.
Epitafiando solitário, cabisbaixo
minha expectativa de entrega,
sem ter-me e nem  a quem entregar-me.
Resta-me o túmulo em mim mesmo.
O copo está meio vazio.

Só e livre, borboleta no cio.
Danço alegrias e despejo cores.
Desejam-me até as flores.
Faço filhos e não os crio.
Estou sem machos ou fêmeas.
Sou-me inteiro, como gosto.
Ouço e canto as músicas que quero.
Sigo caminhos não planejados, porque
vou para onde me levam minhas asas.
Traço meu destino irresponsavelmente
de carona no vento que sopra aqui e ali.
Minhas asas são a carta de alforria.
Nem preciso comer ou beber.
Apenas me deixo levar, trafegando
eterno, enquanto o sempre se fizer
presente nos meus prazeres
e eu puder me ser, como sou.
O copo está meio cheio.

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